Sou de um mundo não muito diferente, estou a procura de algo inexplicável, já encontrei pessoas e coisas indispensáveis, mas também andei por muitos buracos, sei de todos os tipos de sonhos, mas ainda quero aprender muito, tudo que sei é pouco perto do que tenho pra viver, sou uma adolescente, uma viajante, uma pecadora, gostaria até ser de mentira, para que os tapas da vida não doessem tanto, alias, está bom do jeito que sou, estou sendo feliz assim. Posso ser errada, posso ser mal interpretada, posso até ser desconfiada, mas o que me conforta, é eu ser sincera.
Preciso de escrever pra saber o que eu sinto, a minha memoria é tão falia quando minhas divisões, a necessidade de ser atriz é para que os meus sentimentos não sejam desperdiçados, é pra eu saber que não morri, gosto de sentir, me faz ser mais humana, observo muitas coisas, mas tantas outras passam sem que eu perceba, mesmo que meus olhos estejam atentos, meus pensamentos estão em outro universo.
Nunca parei pra contar quantas noites de sono perdi, lembrando de dores, chorando por decepções, escrevendo pra aliviar. Perdi a conta de quantas palavras eu disse em vão, não sei quantas frases foram usadas, nem lembro de quantas folhas rasguei, de quantas canetas estourei, de quantos tapas ganhei e de quantos abraços desejei... uma vez parei pra pensar em quantos eu te amo almejarei, de todos os que sonhos desacreditei, dos amigos que briguei, dos erros que acertei, das pessoas que ajudei, pra falar a verdade, nem das cartas que escrevi eu me recordo, tenho que ler e reler pra saber se fui eu mesma que compus, hoje, a coisa que mais quero é estar alegre, é ser contente, é ousar da felicidade, é ter lembranças, é ter memória, é não deixar que na minha cabeça seja armazenada só as coisas mais fortes e sim tudo que foi vivido. Pros guardados do meu cérebro não tenho infância, como eu queria lembrar do tempo que eu brincava de casinha, do tempo em que a ingenuidade não era defeito, da época em que papai e mamãe era inocente, da época que a sementinha era brotada pra nascermos, quisera eu ter memória pra lembrar de todos os meus aniversários, pra contar o passado com mínimos detalhes, pra hoje não precisar ter duvidas quando me contam o que eu fiz.
Por Grazielly Cascon