São
inúmeras as fases, torna-se impossível enumerar cada pedacinho que se refaz
dentro de mim. Desde ontem venho pensando como estou.
Está-se
poeta, borboleta, mulher ou vazia?
Precisa
descobrir-se. Quando renasce num dia qualquer como poeta, transformando
palavras em frases que possuem súbitas verdades, buscando dentro de corações
paz e fulgor, fazendo-se plena diante de papeis e canetas, rasgando desejos que
substituem a realidade. Uma jovem escritora que se inspira em autores
incansavelmente lembrados.
Acreditando
que precisamos estar nos metamorfoseando, que somos borboletas a procura de uma
flor de coesão. Vivendo 24 horas de um dia, muitas vezes longo e cansativo, com
portas que abrem e fecham tirandoa concentração, com gotas grossas de chuva que
chegam depois de meses abafados e dando asas aos acontecimentos morremos esses
pequenos intervalos em nossas camas, nos permitindo reviver esperanças em
sonhos, que na manhã seguinte serão focos soltos em meio a tanta preocupação. A
borboleta que colore-se com sorrisos, deduções, letras e tempo de espera, que
cava em sua memória explicações egocêntricas, que coleciona vidas dentro de si,
que considera a sua liberdade um alimento indispensável para a sua existência.
Uma
mulher que cresce através de seus devaneios, que é sensível e humanitária, quebloqueia-se
quando a pedem para seguir regras e confiar em estranhos. Sobrevivendo
inseparavelmente aos pecados, querendo tatuar uma fechadura em sua nuca, ela carrega Nossa Senhora ainda menina no peito,
estimuladora de energias que está em vigor com a arte. Imagem feminina que já
pensou ter sido o Menino da Lua em outras possíveis vidas, que faz-se feliz ao
narrar mentiras, que é construída por pessoas que fazem parte da sua história,
que não tem letra redonda nem personagens e sim circunstâncias que a
possibilitam ser atriz e já possuindo álcool no sangue,ela nunca experimentou o
mesmo.
Selecionando
suas músicas, deita-se com três travesseiros, um coração de pelúcia, dois
cobertores finos e uma luz vermelha que afasta o medo... Ela adormece esquecendo-se
de agradecer, encontrando-se com o vazio – que a meu ver é a fase mais
proveitosa. É onde lagrimas sem sabor deslizam sobre seu rosto e a menina
igualitária percebe que vivenciou todos esses momentos com um profundo
imediatismo, esquecendo que antes de ter uma vida dotada de sentimentos hábeis
é imprescindível que sejamos seres que carregam dentro de si bons mistérios.
Cronicar
a essência inexistente de uma mulher poeta que tem dias constantes de borboleta
só é possível quando permite-se sentir o vazio onde a escrita torna-se um
desabafo do seu próprio eu.
Por Grazi Ribas
nossa... você nunca se descreveu tão bem quanto nesse texto!
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