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sábado, 25 de fevereiro de 2012

O Lume volúvel



São inúmeras as fases, torna-se impossível enumerar cada pedacinho que se refaz dentro de mim. Desde ontem venho pensando como estou.
Está-se poeta, borboleta, mulher ou vazia?
Precisa descobrir-se. Quando renasce num dia qualquer como poeta, transformando palavras em frases que possuem súbitas verdades, buscando dentro de corações paz e fulgor, fazendo-se plena diante de papeis e canetas, rasgando desejos que substituem a realidade. Uma jovem escritora que se inspira em autores incansavelmente lembrados.
Acreditando que precisamos estar nos metamorfoseando, que somos borboletas a procura de uma flor de coesão. Vivendo 24 horas de um dia, muitas vezes longo e cansativo, com portas que abrem e fecham tirandoa concentração, com gotas grossas de chuva que chegam depois de meses abafados e dando asas aos acontecimentos morremos esses pequenos intervalos em nossas camas, nos permitindo reviver esperanças em sonhos, que na manhã seguinte serão focos soltos em meio a tanta preocupação. A borboleta que colore-se com sorrisos, deduções, letras e tempo de espera, que cava em sua memória explicações egocêntricas, que coleciona vidas dentro de si, que considera a sua liberdade um alimento indispensável para a sua existência.
Uma mulher que cresce através de seus devaneios, que é sensível e humanitária, quebloqueia-se quando a pedem para seguir regras e confiar em estranhos. Sobrevivendo inseparavelmente aos pecados, querendo tatuar uma fechadura em sua nuca, ela carrega Nossa Senhora ainda menina no peito, estimuladora de energias que está em vigor com a arte. Imagem feminina que já pensou ter sido o Menino da Lua em outras possíveis vidas, que faz-se feliz ao narrar mentiras, que é construída por pessoas que fazem parte da sua história, que não tem letra redonda nem personagens e sim circunstâncias que a possibilitam ser atriz e já possuindo álcool no sangue,ela nunca experimentou o mesmo.
Selecionando suas músicas, deita-se com três travesseiros, um coração de pelúcia, dois cobertores finos e uma luz vermelha que afasta o medo... Ela adormece esquecendo-se de agradecer, encontrando-se com o vazio – que a meu ver é a fase mais proveitosa. É onde lagrimas sem sabor deslizam sobre seu rosto e a menina igualitária percebe que vivenciou todos esses momentos com um profundo imediatismo, esquecendo que antes de ter uma vida dotada de sentimentos hábeis é imprescindível que sejamos seres que carregam dentro de si bons mistérios.
Cronicar a essência inexistente de uma mulher poeta que tem dias constantes de borboleta só é possível quando permite-se sentir o vazio onde a escrita torna-se um desabafo do seu próprio eu.
                                      Por Grazi Ribas

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